Onde Estou?

08-04-2020

Entre meu embarque e chegar na minha acomodação estudantil foram tantos pensamentos e emoções, que nem conseguia imaginar como seria os 8 meses que viveria em Dublin.

Na fila de embarque em São Paulo, conversei com uma brasileira que morava a 10 anos na Alemanha e estava voltando para casa depois de dias de férias no Brasil, as recomendações de cuidados e dicas começaram a me assustar. De tantas só me lembro dela dizer cuidado no aeroporto de Madrid: "ele é enorme"!

Quando ouvi o piloto das as orientações para o pouso, o coração que já estava acelerado, parecia que podia sair do peito a qualquer hora. Era minha primeira viagem internacional e embaixo de mim já está o continente europeu.

Uma mistura de medo e felicidade me fizeram chorar pela primeira vez.

De fato o aeroporto era enorme, mas é incrível como as coisas dão certo, mesmo quando parece tudo errado.

Escolhi espanhol no lugar do inglês, me pareceu mais fácil para compreender, mas se até o mais fácil estava difícil, comecei a pensar de como seria passar pela imigração de Dublin com meu inglês básico.

Apreensiva eu estava.

Quando ouvia mais inglês do que qualquer outra língua no avião, o coração voltou a acelerar.

Na fila da imigração, o coração já atingia a mesma velocidade de quando faço corrida. Se não fosse a concentração, certeza que a respiração ficaria ofegante.

Bom, eu estava ali e passar por ali depois de horas acordada me parecia mais fácil do que lidar com tudo que já tinha passado.

Atrapalhada total, depois do Hello, foi What? Sorry, I don't understand! Can you repeat please? Sorry! Sorry! O abençoado começou a desenhar, fazer mímica, escrever e depois de sei lá quanto tempo ele carimbou meu passaporte.

Ao chegar no transfer o alívio de encontrar outros brasileiros e perceber que eu não era a única a passar pelos famosos perrengues, com o tempo descobri que ser estudante em intercâmbio é igual a ter uma vida de perrengues, impossível não tê-los.

Enquanto todo mundo conversava e trocava ideias e informações na van, eu apenas olhava pela janela: o céu cinza, as casas de tijolinho, os jardins, o ônibus amarelo de dois andares, o volante do lado direito e o sentido dos carros ao contrário que é aqui do Brasil.

O coração suspirou, um misto de que legal! Com, vou sentir saudade de casa.

Cheguei na minha acomodação, um argentina me recebeu, entre espanhol e inglês: entendi que eu tinha uma gaveta suja numa cômoda, ia dormir na parte de cima da beliche, banho quente tem horários específicos e eu estava com muita fome e não ouvi nenhuma palavra sobre comida.

Eu subi na beliche, tinha uns bons anos que eu não fazia isso, ri de desespero quando a cama balançou toda.

Deitei e olhei pela janela, eram 21 horas e o céu estava claro!

Meu Deus! Onde estou?


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